A Universidade do
Vale do Rio Doce (Univale) demitiu 99 funcionários, 17 deles são professores, o
motivo foi o endividamento da fundação, que já chega a R$ 58 milhões.
Haruf Salmen, era
professor e coordenador do curso de História e estava na universidade há 25
anos.
"Recebi por
telefone que eu havia sido demitido sem justa causa. Me preocupei se outros
professores também haviam perdido o emprego. Pensei no esforço de 20 anos para
se chegar ao que conquistamos e nos alunos que estão cursando o mestrado".
Ele ainda disse que
há dificuldades para garantir que professores doutores ficassem na Univale. A
maioria deles permanecia apenas por um ano.
A coordenadora
curso de Jornalismo, Nagel Medeiros, também foi demitida. Ela foi aluna da
primeira turma do curso. É professora há 10 anos e coordenadora há cinco. Ela
ainda afirma que a demissão ocorreu no meio do semestre de um ano complicado,
com paralisações e um calendário apertado.
“Recebi a confirmação
do desligamento de forma abrupta, com muita preocupação e tristeza. A demissão
foi sumária, o que significa que tudo ficou para trás: o planejamento das
disciplinas, o conteúdo, as avaliações dos alunos. Imagina que tenho comigo até
prova corrigida para entregar e notas a serem lançadas", diz a
ex-professora.
Em meio a esses
desligamentos, o período letivo continua, a universidade já passou por uma
greve no meio do ano e está repondo as aulas. A previsão é que os alunos fiquem
estudando até dia 20 de dezembro.
O estudante do
terceiro período de Engenharia Civil, Vagner Oliveira, que não teve nenhum dos
professores demitidos. Ele avalia a situação em que os funcionários demitidos
estão.
“Acho uma falta de
respeito da parte da instituição para com os alunos. Mas tenho a consciência
que trabalhar sem receber é inaceitável. Tenho esperança que essa situação se
resolva, mas sei que vai ser difícil a instituição quitar as dívidas em um
curto espaço de tempo. A maioria dos meus colegas de sala estão com medo de
continuar na faculdade no próximo período”, diz o estudante.
Posição da Univale
Em entrevista coletiva, na última quinta-feira (01), quando as demissões
foram divulgadas, opresidente do Conselho Diretor da Fundação Percival Farquhar
(FPF), Francisco Sérgio Silvestre, comentou sobre as demissões.
"Cortamos
aqueles que tinham os maiores salários. Isso não teve nada relacionado com a
greve que ocorreu, inclusive, professores que não aderiram a greve foram
demitidos. Para que se tenha uma ideia, há um curso que gera 15 mil reais de
receita e apenas um professor do curso ganhava 19 mil reais”, afirma Silvestre.
O diretor executivo
da FPF, Sandro Lúcio Fonseca, disse que o edital para o vetsibular do ano que
vem já foi lançado.
"Continuaremos
com os 25 cursos de graduação que oferecemos atualmente. Nosso objetivo é
expandir a Univale, criando polos em outras cidades e aumentando o número de
alunos que é hoje é de 4.570 estudantes matriculados", explica Sandro
Lúcio.
FONTE: G1